Muitos dos padrões existentes nas relações adultas, em particular as relações conjugais e amorosas, surgem de aprendizagens e modelos sentidos e vividos na infância. É nesse lugar familiar que a criança aprende o que é o amor, o afeto, a relação a dois. Poderá aprender que amor está associado a obediência, aceitação e subordinação e, por isso, tudo faz para não contrariar e para não ser rejeitado, com medos constantes que ultrapassam qualquer sentimento de amor próprio e auto respeito. Perdida/o nestes processos e dinâmicas interiores, acaba por negligenciar a sua própria felicidade para se sentir amada/o e protegida/o, anulando-se e permanecendo em lugares de dor, grande parte das vezes sem ter consciência de todos estes estados. É ainda frequente a necessidade de aprovação do outro, sofrendo constantemente por medo de desagradar, para não ser abandonada/o ou rejeitada/o. A dor da solidão. O medo de perder o outro.
Esta compulsão em agradar vem do desvalor interno, associado, muitas vezes à falta de afeto, de amor e de carinho dos pais na infância ou gestação, aceitando comprar o amor do outro para receber, frequentemente, muito pouco. A ausência de reciprocidade, não percebida pela/o própria/o. No fundo, pretende apenas evitar as mesmas dores da infância, entendendo agora que através do agradar o outro poderá ser vista/o, recompensada/o e amada/o.
Perdida/o nestes processos e dinâmicas interiores, acaba por negligenciar a sua própria felicidade para se sentir amada/o e protegida/o, anulando-se e permanecendo em lugares de dor, grande parte das vezes sem ter consciência de todos estes estados.
Maria João C. Dias
Neste lugar e desequilíbrio, longe da essência e do auto amor, surgem relações tóxicas, vividas no desrespeito, no abuso, na ausência de reciprocidade do outro, que têm na sua origem medos inconscientes que condicionam o próprio comportamento. Se não existe amor próprio, se não existe lugar de auto respeito, como esperar que o outro o faça consigo? Atrai para a sua vida abusadores, porque na verdade sente que não tem valor e que é nesse lugar que precisa de estar. Um padrão inconsciente, uma dor que não foi devidamente curada, que cria a sua realidade e ciclos repetitivos.
Procuramos, sem termos consciência, no externo, a falta da infância. Por exemplo, se mendigou por atenção e afeto e não recebeu, sente um vazio que lhe causa um buraco no coração e faz com que aceite abusos físicos, emocionais, psicológicos, para que não ser rejeitada/o. Faz de tudo para permanecer num relacionamento que tantas vezes lhe causa dor, insegurança e instabilidade, mas que acredita que é o “melhor do mundo” e que sem essa relação não sobrevive. O vazio é imenso. A dor da ausência do outro (mesmo que tóxico) ainda maior.
É fundamental olhar para dentro, tornar consciente todos os medos, tristezas, angústias e sentimentos de desamor, desmerecimento inconsciente que fazem permanecer numa prisão emocional, que se prolongará no tempo e na vida. A hipnoterapia permite transformar as suas perceções sobre o amor, tratar e cuidar da sua “criança interior”, para que possa adultecer e tomar decisões baseadas no amor, e não mais na dor e no medo. Olhar para dentro, libertar programas internos e encontrar relações saudáveis, pautadas pela reciprocidade, equilíbrio, respeito, amor e paz.